Beno Gutenberg, sismólogo alemão, nasceu a 4 de junho de 1889, em Darmstadt, Alemanha, e morreu, vítima de uma pneumonia, a 25 de janeiro de 1960. Completou os seus estudos na Universidade de Göttingen e direcionou-se para a área da Geofísica. Em 1913, através da análise da alteração da propagação das ondas sísmicas, descobriu a zona de sombra, que por sua vez se situava a uma profundidade de 2900 km. Essa zona, onde começava a tal zona de sombra, coincidia com a fronteira entre o manto e o núcleo terrestre. A este limite foi dado o nome de Descontinuidade de Gutenberg,em sua homenagem.
Este aposentou-se em 1958 e durante a sua vida profissional contribuiu decisivamente para a compreensão da formação e disposição atual do interior da Terra.
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Fig. 1 - Beno Gutenberg. |
Fig.2- Descontinuidade de Gutenberg. |
Fig. 3 - Um dos estudos e trabalho de Beno Gutenberg
Beno Gutenberg iniciou os seus estudos em Darmstadt, mudando-se em 1908 para Gottingen, com o objetivo de estudar meteorologia. Depois de concluída a licenciatura, direcionou os seus estudos para o interior da Terra, baseando-se nos materiais pesquisados e recolhidos por Emil Wiechert, que tinha fundado um instituto para o estudo da Geofísica.
Em 1911, após a conclusão do seu doutoramento sob a direção do professor Emil J. Wiechert, que o promove a sismólogo, passou a efetuar cálculos que ainda hoje são considerados corretos. Assim, os cálculos detalhados que efetuou foram possíveis para definir o diâmetro do núcleo da Terra e para demonstrar que este termina a 2900 km de profundidade, ficando o limite entre o manto e o núcleo conhecido como Descontinuidade de Gutenberg, pois foi Beno que o descobriu. Chegou à conclusão da existência da sua descontinuidade pela análise da alteração da propagação das ondas sísmicas (P e S), confirmando que o núcleo é líquido, pois as ondas S, sendo transversais, não se propagam nessa zona, chamada de zona de sombra.
Durante a primeira grande guerra mundial, serviu o Serviço Meteorológico do exército alemão onde foi ferido. Devido ao baixo salário que lhe era atribuído, teve de se empregar numa fábrica e rescindir com o exército alemão. Terminada a guerra, mudou-se para Frankfurt, e em 1926 tornou-se um dos seus principais professores. Durante a sua estadia em Frankfurt, publicou grande número de trabalhos científicos e três livros, sendo Handbuch der Geophysik (Manual da Geofísica ), editado em vários volumes, um dos mais conhecidos.
Em 1930, entrou para o laboratório de Sismologia de Carnegie Institution of Washington, ao mesmo tempo que se tornou professor catedrático no California Institute of Technology (Instituto de Tecnologia da Califórnia), onde desenvolveu o primeiro catálogo moderno mundial de terramotos, denominado "Sismicidade da Terra". Após a doença do diretor do laboratório, Gutenberg assumiu o cargo de diretor, tornando aquele estabelecimento num importante centro de pesquisa e de estudos avançados sobre sismos e sobre a estrutura da Terra.
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Fig.4-Handbuch der geophysik |
Fig.5-Emil Wiechert |
Como já foi referido anteriormente, Beno Gutenberg viveu e trabalhou como meteorologista no exército alemão, durante a 1ª Guerra Mundial. Por isso, é aqui apresentada uma pequena parte com informação relativa à 1ª Guerra Mundial.
Nos inícios do século XX, existiam enormes contrastes políticos e económicos entre os países europeus, tais como, na Europa Ocidental predominarem as democracias liberais, enquanto na Europa Central e Oriental predominarem os regimes autoritários. Os estados europeus tinham fortes rivalidades entre si e isso contribuiu para uma ameaça da paz. Existem diversos factores que estiveram na origem dessas rivalidades, como: concorrência económica e intensificação dos nacionalismos.
As rivalidades internacionais conduziram a uma corrida aos armamentos que, por sua vez originaram a formação de duas alianças: a Tríplice Aliança (1882) entre a Alemanha, a Áustria-Hungria e a Itália e a Tríplice Entente (1907) entre a França, a Inglaterra e a Rússia.
Fig. 6 - Soldados na 1ª Guerra Mundial. |
Fig.7 - Países da Tríplice Aliança (vermelho) e Tríplice Entente (Cinzento)
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Durante a guerra, decorreram três fases de guerra, a “guerra de movimentos” entre 1914 e 1915, marcada pela superioridade dos exércitos, nomeadamente pelo exército alemão que em movimentos rápidos e imprevistos ia conseguindo vitórias, depois entre 1915 e 1917 a “guerra de trincheiras” já esta marcada pelos factos de os soldados lutarem em trincheiras, fazendo assim com que os soldados ficassem durante muitos dias “presos” a combater pela conquista de mais um pouco de território. No entanto como desvantagem, estes ao estarem entrincheirados iam passando muita fome e as doenças iam-se propagando de uns para os outros. Nestas fases destaca-se também a utilização de novas armas e de ataques com submarinos. Por fim a última fase, entre 1917 e 1918 o “retorno à guerra de movimentos”, esta marcada pela eclosão da revolução Russa e a consequente retirada da Rússia da guerra e pela entrada dos Estados Unidos, sendo estes os acontecimentos mais marcantes para a vitória por parte da Tríplice Entente.
Como já foi referido, em 1917, com a entrada dos Estados Unidos na guerra, e este ao se ter juntado à Tríplice Entente, pois estavam em causa acordos comerciais no qual tinham de ser defendidos perante outros países, nomeadamente perante França e Inglaterra, fez com que esta aliança se torna-se mais forte acabando mesmo por vencer.Isto fez com que os países pertencentes à Tríplice Aliança se rendessem e acabassem mesmo por assinar o Tratado de Versalhes, que ia fazer com que os países derrotados sofressem fortes punições. No caso da Alemanha, foram-lhe retiradas algumas das regiões conquistadas, teve de pagar os prejuízos da guerra aos países vencedores e ainda viu o pais ser desmilitarizado, passando apenas a poder ser recrutado um determinado numero de soldados e a possuir um determinada quantidade de armas.
Beno Gutenberg, durante a Grande Guerra, serviu o Serviço Meteorológico do exército alemão, mas devido ao seu baixo salário levou a rescindir e teve de arranjar trabalho numa fábrica. Durante os tempos de trabalhador na fábrica Beno participou e publicou diversos trabalhos acerca da geofísica, sendo um deles Handbuch der Geophysik que foi editado em vários volumes. Ao longo da sua vida, presidiu muitos comités e sessões da “International Union for Geodesy and Geophysics” foi presidente da “Seismological Society of America” e membro da “Royal Society of New Zealand”.
Foi colega de Charles Richter no "California Institute of Technology", onde o ajudou a desenvolver a escala de magnitude sísmica (escala de Richter), com recurso à anlise de ondas sísmicas, mas que geralmente é apenas conhecida pelo nome de seu parceiro (Charles Richter). Também criou, com Richter, a Lei de Gutenberg. Esta consistia numa teoria que apontava a probabilidade da ocorrência de sismos, assim como a sua distribuição.
Foi Gutenberg que descobriu ainda a astenosfera.
Em toda a sua carreira, Gutenberg escreveu cerca de 300 artigos e livros, e conquistou numerosos prémios, em vários países.
Ajudou também nas decisões definitivas para a compreensão da formação da Terra.
Nos anos 20 já era um dos sismólogos mais conhecidos por todo o mundo, e o principal de Alemanha.
Beno Gutenberg completou os estudos superiores na Universidade de Göttingen. Depois de obter a licenciatura, direcionou a sua atenção e os seus estudos para o interior da Terra, baseando-se nos materiais pesquisados e recolhidos por Wiechert, tendo sido membro da Associação Sismológica Internacional em Estrasburgo, que se situa na França.
Escreveu cerca de trezentos artigos e livros ao longo da sua vida.
A pneumonia da qual foi vítima deveu-se a uma simples infeção.
Em 1996 foi estabelecido pelo “Division on Seismology”, uma medalha em homenagem a Beno Gutenberg que visa premiar indivíduos que tenham contribuído para o desenvolvimento da sismologia. Nos últimos anos foram atribuídas medalhas, a contributos relacionados com pequenas descobertas relacionadas com as ondas sísmicas, composição de camadas da Terra, sejam o manto e o núcleo, entre outras.
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Fig. 8 - Medalha em homenagem a Beno Gutenberg |
Fig.9 - Fotografia tirada no Laboratório Sismológico a propósito da reunião de Sismólogos do mundo no Instituto de Tecnologia da Califórnia ( 1929 ).
- Beno Gutenberg- 4º Homem da fila de baixo; - Charles Richter- 6º Homem da fila de baixo; |
Beno Gutenberg não foi o único que contribuiu para o quadro da Estrutura Interna da Terra , também outros geólogos o fizeram, tais como:
Fig. 9 - Andrija Mohorovicic | Fig.10 - Inge Lehmann |
Video 1 - Descontinuidades que contribuíram para a completação do quadro da estrutura interna da Terra
Vídeo 2- Camadas da Terra
http://pt.wikipedia.org/wiki/Beno_Gutenberg
http://www.infopedia.pt/$beno-gutenberg
http://www.multilingualarchive.com/ma/enwiki/es/Beno_Gutenberg
http://www.infopedia.pt/$beno-gutenberg
Livro "Viva a História", História 9º ano, de Cristina Maia, Isabel Paulos Brandão, com revisão científica de Luís Miguel Duarte - Porto Editora
ULLOA, Alejandro (2011): A Formação da Terra: o nosso lugar no Universo, col. Nós e a Ciência, n.º 2. Centro Editor PDA, Lisboa. ISBN: 978-989-651-238-5
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